Apesar de o jornal enfocar um suposto dado ruim levantado pela pesquisa (os jovens de famílias beneficiadas têm desempenho igual ou inferior ao de outros de mesmo perfil sócio-econômico), quem lê o texto com cuidado pode entender nas entrelinhas o que o jornal não mostrou (ou escondeu, como preferirem). Para quem não conseguir entender, segue abaixo algumas observações de um colega de profissão dos autores do texto da Folha.
- Segundo o texto, é feita uma comparação entre o aprendizado entre jovens. Mas, em nenhum momento se observa se o desempenho dos jovens beneficiados, individualmente, melhorou depois que sua família passou a receber o benefício. Quem entende um só um pouquinho de Pedagogia e não quer apenas fazer um levantamento estatístico saberia que a avaliação deveria levar em conta o desenvolvimento cognitivo do aluno. A comparação com outros alunos deveria servir apenas para saber qual o nível médio de desenvolvimento na mesma série/ano, faixa etária do grupo social ao qual o jovem pertence;
- Outro ponto bastante importante, mas ao qual a reportagem/edição não deu tanta importância é com relação ao fato de que o Bolsa Família reduz a evasão escolar. Mesmo que o Bolsa Família não melhore a qualidade da educação, ele contribui para segurar o jovem na escola, o que já é uma grande coisa, como se pode notar no texto O paradoxo do ensino médio, publicado no mesmo dia e no mesmo jornal (leia comentários sobre esse texto);
- A terceira parte do texto vai para o lugar comum: “É preciso melhorar a qualidade da educação”. Isso não é novidade, todo mundo concorda com isso. Não é preciso realizar novas pesquisas para mostrar isso. Além do mais, os dados levantados pela pesquisa são questionáveis (leia texto Os efeitos do Bolsa Família na educação).
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