A reportagem abaixo, publicada hoje (29/08) no jornal O Estado de S. Paulo, fala de um estudo baseado nos microdados da Prova Brasil. Aponta que os alunos de baixa renda recebem menos conteúdo, uma constatação antiga, mas é importante por quantificar essa constatação, por torná-la científica. Vale à pena ler.
Alunos de baixa renda recebem menos conteúdo
Dados de avaliação de escolas públicas mostram que só 1 em cada 6 unidades com estudantes mais pobres dão 80% da matéria prevista
29 de agosto de 2011
Mariana Mandelli - O Estado de S.Paulo
Apenas uma em cada seis escolas públicas do País que recebem alunos de classes sociais mais baixas consegue cumprir mais de 80% do conteúdo previsto para o ano letivo. Já entre as unidades escolares onde estudam as crianças de nível social mais elevado, essa taxa sobe para 45,2% - ou seja, metade das escolas que têm as matrículas de alunos com melhores condições socioeconômicas conseguem cumprir quase todo o currículo.
Os dados fazem parte de um tabelamento dos microdados da Prova Brasil 2007 feito pelo pesquisador Ernesto Martins Faria, do site Estudando Educação (estudandoeducacao.com). Os dados de 2009 ainda não foram divulgados e não há previsão de publicação.
Faria levou em conta os questionários socioeconômicos que compõem a avaliação (mais informações nesta página). Foram consideradas todas as 47.976 escolas que fizeram a prova. Delas, 11.994 têm alunos com condições socioeconômicas precárias matriculados.
A maior parte dessas escolas se situa nas Regiões Norte e Nordeste do País. Acre, Alagoas, Amazonas, Amapá, Bahia Ceará, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Paraná, Rio Grande do Norte, Rondônia, Roraima, Sergipe e Tocantins têm pelo menos uma escola pública com esse perfil.
Para Faria, a situação é preocupante porque os alunos que são atendidos nessas escolas são justamente os que chegam mais defasados. "São esses que mais necessitam de atenção porque, normalmente, vêm de famílias em que os pais têm escolaridade baixa", explica.
Para ele, o contexto se agrava porque essas escolas são aquelas que não apresentam uma infraestrutura de qualidade - geralmente, não têm grandes bibliotecas, prédios em condições adequadas e boas equipes pedagógicas. "O aluno precisa estudar numa escola onde ele sinta que há incentivo. Não é o que acontece numa escola que não dá todo o conteúdo programado."
Problemas. O não cumprimento do currículo escolar nesses colégios pode ter origem em diversas fontes, segundo os especialistas. As faltas dos alunos são apontadas como um dos fatores e podem ocorrer por diversos motivos, como a dificuldade de acesso ao colégio - em municípios do interior do País, por exemplo - e as condições ruins de infraestrutura da escola - que não são suficientes para garantir as aulas.
"É claro que entre o que está programado e o que é cumprido existe sempre uma diferença", afirma Ocimar Alavarse, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). "Mas existem escolas onde faltam luz e cadeiras."
O absenteísmo dos docentes também aparece entre as possíveis causas. "As escolas situadas nas regiões mais pobres têm mais dificuldades para atrair e manter professores", afirma Alavarse. "Tudo isso pesa no conteúdo a ser desenvolvido."
Antonio Batista, coordenador de desenvolvimento de pesquisas do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), chama a atenção para o fato de que o Brasil não tem um currículo único - ou seja, cada cidade e Estado tem suas próprias programações de conteúdos.
"Em tese, o não cumprimento do currículo significa menos conteúdo e um cerceamento do direito da criança a uma aprendizagem de qualidade", afirma. "Apesar disso, em certos casos, cumprir todo o currículo não implica necessariamente que a criança aprenda tudo, porque, para alcançar a abordagem completa de currículos muito extensos, o ensino pode se tornar muito superficial ou sobrecarregar a criança de informações."
Para os pesquisadores, procurar soluções para resolver o quadro passa por meios que fixem o professor nessas escolas. "Em vez de dar bônus, o melhor seria investir na melhoria da infraestrutura e dar adicionais a esses docentes dentro de uma política de carreira", afirma Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
PARA ENTENDER
São 4 faixas de renda
A pesquisa dividiu as escolas que participaram da Prova Brasil em quatro faixas de renda, de acordo com a quantidade de bens que os alunos declararam possuir - como TV, rádio, carro e geladeira, por exemplo. Entraram também nessa conta o serviço de empregada mensalista e a quantidade de banheiros de cada casa.
A somatória de todos os itens deu uma pontuação a cada aluno, que foram divididos em quartis de acordo com a classe socioeconômica.
A Prova Brasil avalia, de dois em dois anos, os alunos de 5.° e 9.° anos do ensino fundamental da rede pública. Além das questões de matemática e língua portuguesa, os estudantes respondem a questionários socioeconômicos que podem ser associados ao desempenho deles na avaliação. Professores e diretores também respondem a questionários.
Fonte: O Estado de S. Paulo
Vou convidar algumas pessoas para compartilhar seus textos sobre educação. Para não ficar tão personalista, migrei o blog para outro endereço eletrônico. Para ler os textos acesse http://prioridadeeducacao.blogspot.com/
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Baixa renda recebe menos conteúdo
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sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Publicado acórdão do STF: lei do piso é constitucional!
Foi publicado no dia 23/08/11 o acórdão do Supremo Tribunal Federal (STF) no qual a corte afirma que a lei 11.738/08 (Piso Salarial Profissional Nacional) é constitucional.
O acórdão se refere à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) movida pelos governadores de Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul (que se retirou da ação) e Ceará contra a lei 11.738/08 (piso salarial profissional nacional). A ADIN foi apoiada pelos governos de São Paulo, Distrito Federal, Tocantins, Minas Gerais e Roraima que, entretanto, não a subscreveram.
Um dos alvos da ADIN era o dispositivo da lei que determina que no mínimo 1/3 da jornada de trabalho deve ser dedicado a atividades extraclasse. Veja no verso a íntegra do acórdão.
Aplicação da lei no Estado de SP
No dia 8 de junho a APEOESP recebeu ofício da Secretaria da Educação informando que pretende aplicar a lei, mas que aguardava a publicação do acórdão. De nossa parte, sempre reafirmamos a constitucionalidade da lei e lutamos pela sua aplicação imediata. Assim, a publicação reforça nossa luta e o assunto ganha ainda mais destaque na nossa pauta com o governo estadual.
Fonte: Fax Urgente - Apeoesp
quinta-feira, 11 de agosto de 2011
O mercado de diplomas
11 de agosto, Dia do Estudante. Parabéns a todos os sofredores.
Em pleno 11 de agosto, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma reportagem (três textos) que mostram o quanto os estudantes sofrem com a mercantilização do ensino superior.
As faculdades mudam cursos entre suas diversas unidades e os estudantes que se virem para frequentar as aulas, chegando a ter aumentada em mais de 30km a distância a ser percorrida.
E ainda dizem que a mudança é para o próprio bem dos estudantes.
O pior é que o “especialista” ainda indica que se faça estudo de mercado antes de abrir os cursos.
É brincadeira?
Em pleno 11 de agosto, o jornal Folha de S. Paulo publicou uma reportagem (três textos) que mostram o quanto os estudantes sofrem com a mercantilização do ensino superior.
As faculdades mudam cursos entre suas diversas unidades e os estudantes que se virem para frequentar as aulas, chegando a ter aumentada em mais de 30km a distância a ser percorrida.
E ainda dizem que a mudança é para o próprio bem dos estudantes.
O pior é que o “especialista” ainda indica que se faça estudo de mercado antes de abrir os cursos.
É brincadeira?
Mais sobre as "bolsas"
O jornal O Estado de S. Paulo publicou ontem (10/8/2011) um artigo muito bom sobre a questão das “bolsas” para pagamento de mensalidades em instituições privadas. Mais do que isso, o texto faz um apelo para que o Pronatec não repita o que os autores acreditam ser erros do ProUni e do Fies. O texto contribui tanto com a reflexão que decidi postá-lo aqui na íntegra.
Depois de tantos textos sobre esse tema, minha próxima postagem conterá minhas ponderações.
Ensino técnico, longe dos erros do passado
10 de agosto de 2011 | 0h 00
Otaviano Helene e Lighia Horodynski-Matsushigue* - O Estado de S.Paulo
Está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei (o PL 1.209/ 2011) criando o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que pretende organizar e ampliar a oferta de cursos técnicos. Ao propor tal programa, o Executivo federal reconhece as deficiências na formação de quadros técnicos, tanto para o setor produtivo como em profissões associadas ao bem estar das pessoas, em particular nas áreas de saúde, educação e meio ambiente.
Entretanto, apesar de serem necessários incentivos a uma adequada formação de técnicos, tanto no aspecto do número insuficiente desses profissionais quanto na qualidade de sua educação, dependendo da forma que o programa vier a ter, pouco ou nada contribuirá para as suas finalidades, em especial se repetir os passos do ProUni e do Fies. Para prevenir que esse novo programa incorra em erros passados deveríamos evitar alguns aspectos do ProUni e do Fies, que financiam matrículas em instituições privadas.
Uma das características da educação superior brasileira é a sua privatização: estamos entre os três ou quatro países com a menor participação do setor público. Essa privatização faz o Brasil apresentar uma distribuição de estudantes pelas várias áreas do conhecimento bastante diferente da dos demais países. A nossa porcentagem de estudantes em cursos básicos de ciências, engenharias ou agropecuária, por exemplo, é significativamente menor do que nos demais países, enquanto a porcentagem de estudantes nas áreas de negócios e administração é significativamente maior. Essa distorção é provocada basicamente pelas instituições privadas, uma vez que a distribuição de estudantes nas instituições públicas obedece à regra mundial. Assim, subsídios ao setor privado acirram essa distorção.
Outra característica do ensino superior brasileiro diz respeito à qualidade dos cursos em instituições privadas. Como decorrência do fato de estas se preocuparem, necessariamente, com os seus balanços financeiros, muitas vezes em detrimento da qualidade dos seus cursos e das necessidades do País, quer sob o aspecto regional, quer em relação às diferentes áreas de conhecimento, subsídios ao setor privado acabam por incentivar maus cursos e más instituições.
O retorno social de grande parte dos cursos oferecidos pelas instituições privadas é muito baixo, tanto para a sociedade em geral quanto para os próprios estudantes, no que diz respeito às chances de trabalho nas áreas em que se graduaram, às possibilidades de acompanharem as mudanças tecnológicas e sociais e à remuneração que receberão. O ensino na maioria das instituições privadas pode ser classificado muito mais como uma revisão de algumas ferramentas - de matemática, interpretação de textos e de leis científicas - que deveriam ter sido fornecidas ao longo da educação básica, aliada a um treinamento em alguma área momentaneamente em voga e de baixo custo. Não é à toa que são abertas vagas ao sabor de modismos e fechadas tão logo esses modismos ou o "mercado de trabalho" (ou uma ilusão dele) se esgotem. Os exemplos mais recentes talvez sejam os cursos de Fisioterapia e de Educação Física. Assim, incentivos a uma expansão adicional das matrículas em instituições privadas são um desserviço à Nação.
Considerando a qualidade dos cursos, o próprio Tribunal de Contas da União (Relatório de Auditoria Operacional - Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), 2009) alertou para o fato de que, com o ProUni, "corre-se o risco de formar uma massa de profissionais com escassa qualificação para o mercado de trabalho". Além disso, "tem-se "pago" - indiretamente - um preço maior pelas vagas nas instituições privadas de ensino superior do que o montante que elas efetivamente valem".
Nesse contexto, antes de repetirem no ensino técnico os mesmos passos do ProUni e do Fies, seria necessário avaliar muito cuidadosamente os resultados desses programas. Além dos aspectos já salientados - que se devem repetir no ensino técnico -, há que atentar para taxas de evasão mais altas e considerar os custos econômicos para os governos e para as pessoas. Vale lembrar que os investimentos necessários para manter um estudante de graduação numa instituição pública são equivalentes aos custos do setor privado (veja-se, por exemplo, Jornal da USP, 18/11/2010, página 2, acessível pela internet). Em cursos de igual qualidade, os investimentos públicos podem ser significativamente inferiores aos de instituições privadas.
É necessário lembrar, ainda, que o ProUni coloca bons estudantes - afinal, são estudantes economicamente desfavorecidos e que, apesar disso, apresentam bom desempenho - em maus cursos. Em instituições públicas esses mesmos estudantes estariam frequentando cursos de melhor qualidade e em áreas de conhecimento mais adequadas para o País, seriam mais bem atendidos, encontrariam moradia, assistência médica e alimentação subsidiadas, poderiam envolver-se em bons programas de iniciação científica, teriam professores acessíveis, boas bibliotecas e amplas possibilidades de pós-graduação.
Melhor teria sido, em vez de criar um novo programa de subsídio ao setor privado, rever os resultados do ProUni e do Fies. O Pronatec deveria restringir-se a incentivar os setores públicos do ensino técnico, os quais deveriam trabalhar em rede para uma cobertura adequada do território nacional e considerando as necessidades das diferentes atividades profissionais e regiões do País.
* Professor no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), foi presidente do Inep e da Adusp / Professora aposentada do Instituto de Física da USP, foi vice-presidente da Regional São Paulo do Andes-SN
Fonte: OEstado de S. Paulo
Depois de tantos textos sobre esse tema, minha próxima postagem conterá minhas ponderações.
Ensino técnico, longe dos erros do passado
10 de agosto de 2011 | 0h 00
Otaviano Helene e Lighia Horodynski-Matsushigue* - O Estado de S.Paulo
Está em tramitação no Congresso Nacional um projeto de lei (o PL 1.209/ 2011) criando o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), que pretende organizar e ampliar a oferta de cursos técnicos. Ao propor tal programa, o Executivo federal reconhece as deficiências na formação de quadros técnicos, tanto para o setor produtivo como em profissões associadas ao bem estar das pessoas, em particular nas áreas de saúde, educação e meio ambiente.
Entretanto, apesar de serem necessários incentivos a uma adequada formação de técnicos, tanto no aspecto do número insuficiente desses profissionais quanto na qualidade de sua educação, dependendo da forma que o programa vier a ter, pouco ou nada contribuirá para as suas finalidades, em especial se repetir os passos do ProUni e do Fies. Para prevenir que esse novo programa incorra em erros passados deveríamos evitar alguns aspectos do ProUni e do Fies, que financiam matrículas em instituições privadas.
Uma das características da educação superior brasileira é a sua privatização: estamos entre os três ou quatro países com a menor participação do setor público. Essa privatização faz o Brasil apresentar uma distribuição de estudantes pelas várias áreas do conhecimento bastante diferente da dos demais países. A nossa porcentagem de estudantes em cursos básicos de ciências, engenharias ou agropecuária, por exemplo, é significativamente menor do que nos demais países, enquanto a porcentagem de estudantes nas áreas de negócios e administração é significativamente maior. Essa distorção é provocada basicamente pelas instituições privadas, uma vez que a distribuição de estudantes nas instituições públicas obedece à regra mundial. Assim, subsídios ao setor privado acirram essa distorção.
Outra característica do ensino superior brasileiro diz respeito à qualidade dos cursos em instituições privadas. Como decorrência do fato de estas se preocuparem, necessariamente, com os seus balanços financeiros, muitas vezes em detrimento da qualidade dos seus cursos e das necessidades do País, quer sob o aspecto regional, quer em relação às diferentes áreas de conhecimento, subsídios ao setor privado acabam por incentivar maus cursos e más instituições.
O retorno social de grande parte dos cursos oferecidos pelas instituições privadas é muito baixo, tanto para a sociedade em geral quanto para os próprios estudantes, no que diz respeito às chances de trabalho nas áreas em que se graduaram, às possibilidades de acompanharem as mudanças tecnológicas e sociais e à remuneração que receberão. O ensino na maioria das instituições privadas pode ser classificado muito mais como uma revisão de algumas ferramentas - de matemática, interpretação de textos e de leis científicas - que deveriam ter sido fornecidas ao longo da educação básica, aliada a um treinamento em alguma área momentaneamente em voga e de baixo custo. Não é à toa que são abertas vagas ao sabor de modismos e fechadas tão logo esses modismos ou o "mercado de trabalho" (ou uma ilusão dele) se esgotem. Os exemplos mais recentes talvez sejam os cursos de Fisioterapia e de Educação Física. Assim, incentivos a uma expansão adicional das matrículas em instituições privadas são um desserviço à Nação.
Considerando a qualidade dos cursos, o próprio Tribunal de Contas da União (Relatório de Auditoria Operacional - Programa Universidade para Todos (ProUni) e Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies), 2009) alertou para o fato de que, com o ProUni, "corre-se o risco de formar uma massa de profissionais com escassa qualificação para o mercado de trabalho". Além disso, "tem-se "pago" - indiretamente - um preço maior pelas vagas nas instituições privadas de ensino superior do que o montante que elas efetivamente valem".
Nesse contexto, antes de repetirem no ensino técnico os mesmos passos do ProUni e do Fies, seria necessário avaliar muito cuidadosamente os resultados desses programas. Além dos aspectos já salientados - que se devem repetir no ensino técnico -, há que atentar para taxas de evasão mais altas e considerar os custos econômicos para os governos e para as pessoas. Vale lembrar que os investimentos necessários para manter um estudante de graduação numa instituição pública são equivalentes aos custos do setor privado (veja-se, por exemplo, Jornal da USP, 18/11/2010, página 2, acessível pela internet). Em cursos de igual qualidade, os investimentos públicos podem ser significativamente inferiores aos de instituições privadas.
É necessário lembrar, ainda, que o ProUni coloca bons estudantes - afinal, são estudantes economicamente desfavorecidos e que, apesar disso, apresentam bom desempenho - em maus cursos. Em instituições públicas esses mesmos estudantes estariam frequentando cursos de melhor qualidade e em áreas de conhecimento mais adequadas para o País, seriam mais bem atendidos, encontrariam moradia, assistência médica e alimentação subsidiadas, poderiam envolver-se em bons programas de iniciação científica, teriam professores acessíveis, boas bibliotecas e amplas possibilidades de pós-graduação.
Melhor teria sido, em vez de criar um novo programa de subsídio ao setor privado, rever os resultados do ProUni e do Fies. O Pronatec deveria restringir-se a incentivar os setores públicos do ensino técnico, os quais deveriam trabalhar em rede para uma cobertura adequada do território nacional e considerando as necessidades das diferentes atividades profissionais e regiões do País.
* Professor no Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP), foi presidente do Inep e da Adusp / Professora aposentada do Instituto de Física da USP, foi vice-presidente da Regional São Paulo do Andes-SN
Fonte: OEstado de S. Paulo
UNEafro reivindica material público de preparação para o ENEM
A UNEafro-Brasil enviou ao MEC uma carta reivindicando a elaboração de um material didático preparatório ao ENEM, com disponibilização do conteúdo para livre reprodução pelos cursinhos comunitários e populares do país, assim como material para aplicação de simulados do exame. A entidade pede ainda que o material seja disponibilizado para todos os estudantes do 3º ano do ensino médio e aos cursinhos populares de todo o país.
A intenção é promover debates sobre a importância do material, com o intuito de ampliar o conhecimento do assunto e o apoio social para pressionar o MEC a atender a demanda.
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
Caminho errado?
O texto abaixo é de autoria do Luiz Araújo e foi publicado originalmente em seu blog no dia 3 de agosto. Traz ao debate o oferecimento de bolsas para pais de crianças que não conseguem vagas em creches públicas, com a finalidade de que o dinheiro seja utilizado para o pagamento dos serviços a serem prestados por uma entidade privada. Vale à pena a leitura e o debate.
Um dos problemas mais graves na educação nacional é a baixa cobertura no atendimento em creche. Apenas 18,4% das crianças conseguem inclusão em alguma unidade educacional, mesmo que muitas delas sejam precárias e mantidas por entidades comunitárias ou religiosas e subsidiadas pelo Poder Público.
Esta realidade é mais grave nas pequenas cidades, mas existe também nas cidades grandes. E como nestas cidades a sociedade civil e a imprensa são mais ativas, o problema ganha visibilidade e torna-se um problema político da agenda governamental.
A cidade mais rica do país não foge desta regra. Em 2010 tínhamos 170.239 crianças matriculadas em creche na capital de São Paulo, mas apenas 25,1% eram municipais.
Hoje a imprensa noticia algumas informações sobre esta ausência de política pública:
1ª. Que a Câmara Municipal de São Paulo aprovou projeto de lei de autoria do vereador Arselino Tatto (PT), que estabelece uma bolsa de R$ 272,50 para cada criança que esteja na fila de espera por uma vaga em creche;
2ª. Que existem 147 mil crianças esperando uma chance de estudar numa creche pública;
3ª. Que o Prefeito Kassab (PSD) diz que o problema não é falta de recursos para a construção das creches, mas a dificuldade em encontrar terrenos, desapropriar e construir as unidades. O que justificaria sua ideia de trocar terrenos por creches. O primeiro edital deve sair em cerca de dois meses.
O Plano Nacional de Educação que vigorou até dezembro propunha que hoje tivéssemos 50% das crianças de zero a três anos estudando. Esta meta não foi cumprida e a proposta enviada pelo governo para o novo plano repete a mesma meta.Será necessário incluir mais de 3 milhões de crianças no atendimento escolar somente para cumprir esta meta.
Este esforço precisa ser público e conjugado, ou seja, a obrigação é da prefeitura, mas cabe ao Estado e a União participar financeiramente deste esforço.
Construir uma unidade de educação infantil não é barato, mas o mais caro é manter o atendimento. Então, a justificativa do prefeito Kassab está incompleta e tergiversa com o fato notório de que seguidas administrações paulistas renegaram o atendimento em creche ao mundo privado.
Contudo, não me parece um bom caminho o projeto do vereador Arselino Tatto, pois caso sancionado provocará a destinação de recursos públicos para a iniciativa privada, pois repassará recursos públicos para os pais comprarem o serviço aonde ele existe, ou seja, nas escolas comunitárias, filantrópicas e privadas espalhadas pela cidade.
Sou favorável ao veto, mesmo que considere que a motivação do prefeito ao vetá-lo (certamente o fará!) não será tão nobre, pois a sua estratégia de troca de terrenos vai no mesmo caminho errado.
terça-feira, 9 de agosto de 2011
Entrelinhas de uma “reportagem”
O jornal Folha de S. Paulo de 8/8/2011 trouxe dois textos relacionados à educação que merecem ser lidos. Um deles é o texto Bolsa X Aprendizagem, sobre um estudo da FGV que relaciona o recebimento de recursos do Bolsa Família com o aprendizado de jovens que fazem parte de famílias beneficiadas pelo programa na cidade de São Paulo.
Apesar de o jornal enfocar um suposto dado ruim levantado pela pesquisa (os jovens de famílias beneficiadas têm desempenho igual ou inferior ao de outros de mesmo perfil sócio-econômico), quem lê o texto com cuidado pode entender nas entrelinhas o que o jornal não mostrou (ou escondeu, como preferirem). Para quem não conseguir entender, segue abaixo algumas observações de um colega de profissão dos autores do texto da Folha.
Apesar de o jornal enfocar um suposto dado ruim levantado pela pesquisa (os jovens de famílias beneficiadas têm desempenho igual ou inferior ao de outros de mesmo perfil sócio-econômico), quem lê o texto com cuidado pode entender nas entrelinhas o que o jornal não mostrou (ou escondeu, como preferirem). Para quem não conseguir entender, segue abaixo algumas observações de um colega de profissão dos autores do texto da Folha.
- Segundo o texto, é feita uma comparação entre o aprendizado entre jovens. Mas, em nenhum momento se observa se o desempenho dos jovens beneficiados, individualmente, melhorou depois que sua família passou a receber o benefício. Quem entende um só um pouquinho de Pedagogia e não quer apenas fazer um levantamento estatístico saberia que a avaliação deveria levar em conta o desenvolvimento cognitivo do aluno. A comparação com outros alunos deveria servir apenas para saber qual o nível médio de desenvolvimento na mesma série/ano, faixa etária do grupo social ao qual o jovem pertence;
- Outro ponto bastante importante, mas ao qual a reportagem/edição não deu tanta importância é com relação ao fato de que o Bolsa Família reduz a evasão escolar. Mesmo que o Bolsa Família não melhore a qualidade da educação, ele contribui para segurar o jovem na escola, o que já é uma grande coisa, como se pode notar no texto O paradoxo do ensino médio, publicado no mesmo dia e no mesmo jornal (leia comentários sobre esse texto);
- A terceira parte do texto vai para o lugar comum: “É preciso melhorar a qualidade da educação”. Isso não é novidade, todo mundo concorda com isso. Não é preciso realizar novas pesquisas para mostrar isso. Além do mais, os dados levantados pela pesquisa são questionáveis (leia texto Os efeitos do Bolsa Família na educação).
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O paradoxo do ensino médio
O jornal Folha de S. Paulo publicou hoje o texto com o título desta postagem: O paradoxo do ensino médio.
O autor, Fernando Veloso, foi muito feliz em suas colocações. Ele explica que, apesar da baixa qualidade, o ensino médio pode representar ganhos significativos para os jovens que o concluem. Se não em conhecimento e desenvolvimento cognitivo, pelo menos na possibilidade de verem a média salarial aumentar em mais de 30% em relação ao salário daqueles que cursaram apenas o ensino fundamental. Mas, segundo o autor, o paradoxo é que, mesmo com esse retorno monetário, ainda são baixas as taxas de matrícula e de conclusão no ensino médio.
Veloso aponta duas possibilidades pelo desinteresse dos jovens pelo ensino médio: 1. O aumento percentual de salário para o grupo específico de jovens que preferem não completar o ensino médio não seria tão grande quanto a média percentual de retorno monetário apresentada; 2. Os jovens desconhecem a informação do possível aumento percentual de salário para os concluintes do ensino médio.
Vale ressaltar que o texto se vale de reportagens publicadas no mesmo jornal (Folha de S. Paulo) que afirmam que 40% dos jovens evadem o ensino médio não por ter que trabalhar para ajudar a família, como muitos pensavam, mas por falta de interesse.
Eu aponto um terceiro possível motivo. O ensino médio está tão ruim e tão desvinculado da vida dos jovens que, mesmo sabendo do retorno financeiro, os jovens não conseguem permanecer na escola e evadem. Desacreditam que tamanha falta de nexo possa levar as empresas, mesmo conhecedoras da baixa qualidade da educação, concordarem em conceder aumentos salariais apenas por um papel chamado diploma. Pensando dessa forma, digo: Realmente o diploma não deveria valer tanto. O que deveria ter valor é a boa educação, o bom conteúdo, a boa aula... não uma folha de papel.
Aliás, para não dizer que estou comparando fontes diferentes, o mesmo jornal (Folha de S. Paulo), publicou no dia 20 de março de 2011, a reportagem Escolarizado é maioria entre desocupados na qual informa que faltam vagas para jovens que concluíram o ensino médio e sobram para aqueles que têm somente o fundamental, justamente porque as vagas disponíveis são para cargos com menores salários. Caramba! Que paradoxo! Se eu concluo o ensino médio não tenho vaga de trabalho, se não concluo ganho um salário-de-fome... Vladimir Lênin diria: Que fazer?* Mas, o jornal aponta que Mudança exige que trabalhador de nível médio ajuste expectativa, que País precisa aumentar formação técnica e que Falta de experiência afeta pessoas de baixa renda.
"O pulso ainda pulsa" e o paradoxo permance.
*Livro no qual Lênin aponta caminhos e ações a serem seguidos para se efetivar e se manter a revolução operária, para dar uma explicação básica.
terça-feira, 2 de agosto de 2011
Apoio à implantação de Universidade Pública na zona Noroeste da capital paulista
Moro na zona Sudeste capital paulista e não na Noroeste. Mas, apoio o movimento que luta pela implantação de uma universidade pública naquela região. Mais do que o desenvolvimento para a zona Noroeste, a implantação de uma universidade naquela área trará consigo o desenvolvimento para toda a cidade de São Paulo e, consequentemente, para o país.
Nas imediações de uma universidade se desenvolvem também o serviço e o comércio. Há ainda melhorias de infraestrutura (água e esgoto, luz, pavimentação, transporte, segurança pública...). Isso contribuirá, e muito, com uma região tão carente de investimentos como é a zona Noroeste.
A região na qual a universidade pública é implantada também é beneficiada na medida em que os alunos exercerem a extensão universitária com a comunidade. Um dos três pés que toda universidade deveria ter (Ensino, Pesquisa e Extensão).
Não desconsidero a educação recebida na vida (na universidade da vida), mas a universidade tem uma função específica, que é dar formação de nível superior à população. Os trabalhadores que já colocam em prática aquilo que aprendem na vida podem, com o ensino superior, relacionar seus conhecimentos práticos com a teoria e ciência. Isso os faz profissionais ainda melhores, seres humanos ainda melhores. O país todo sai ganhando com isso.
A educação sai ganhando, pois qualifica os profissionais que contribuem com o aprendizado das crianças, adolescentes e jovens.
É por isso e muito mais que apoio o movimento e peço também seu apoio. Leia a mensagem abaixo, acesse o link e exerça sua cidadania assinando o abaixo-assinado eletrônico. Faça mais, divulgue o abaixo assinado para seus amigos.
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Amigas e amigos,
Você já deve ter recebido alguma mensagem minha divulgando atividades do Movimento Pró-Universidade na Zona Noroeste. Pois bem, a luta continua e agora precisamos do seu apoio para ocupar o espaço virtual em apoio a essa causa.
Estamos colhendo assinaturas em um abaixo-assinado eletrônico com o maior número possível de apoiadores para entregarmos ao ministro da Educação, Fernando Haddad, e demais autoridades do ensino superior de São Paulo.
Para participar é muito simples. Basta acessar o link abaixo, preencher os dados solicitados e depois confirmar a assinatura pelo seu e-mail.
http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N12801
Fique tranquilo. Ninguém consegue acessar o número do seu RG.
Se possível, além de assinar, ajude-nos mais um pouquinho encaminhando o link e essa explicação para seus contatos.
Mais informações sobre o movimento são encontradas no blog www.prouniversidadezonanoroeste.blogspot.com.
Abço e beijo,
Marcos Manoel
Nas imediações de uma universidade se desenvolvem também o serviço e o comércio. Há ainda melhorias de infraestrutura (água e esgoto, luz, pavimentação, transporte, segurança pública...). Isso contribuirá, e muito, com uma região tão carente de investimentos como é a zona Noroeste.
A região na qual a universidade pública é implantada também é beneficiada na medida em que os alunos exercerem a extensão universitária com a comunidade. Um dos três pés que toda universidade deveria ter (Ensino, Pesquisa e Extensão).
Não desconsidero a educação recebida na vida (na universidade da vida), mas a universidade tem uma função específica, que é dar formação de nível superior à população. Os trabalhadores que já colocam em prática aquilo que aprendem na vida podem, com o ensino superior, relacionar seus conhecimentos práticos com a teoria e ciência. Isso os faz profissionais ainda melhores, seres humanos ainda melhores. O país todo sai ganhando com isso.
A educação sai ganhando, pois qualifica os profissionais que contribuem com o aprendizado das crianças, adolescentes e jovens.
É por isso e muito mais que apoio o movimento e peço também seu apoio. Leia a mensagem abaixo, acesse o link e exerça sua cidadania assinando o abaixo-assinado eletrônico. Faça mais, divulgue o abaixo assinado para seus amigos.
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Amigas e amigos,
Você já deve ter recebido alguma mensagem minha divulgando atividades do Movimento Pró-Universidade na Zona Noroeste. Pois bem, a luta continua e agora precisamos do seu apoio para ocupar o espaço virtual em apoio a essa causa.
Estamos colhendo assinaturas em um abaixo-assinado eletrônico com o maior número possível de apoiadores para entregarmos ao ministro da Educação, Fernando Haddad, e demais autoridades do ensino superior de São Paulo.
Para participar é muito simples. Basta acessar o link abaixo, preencher os dados solicitados e depois confirmar a assinatura pelo seu e-mail.
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Fique tranquilo. Ninguém consegue acessar o número do seu RG.
Se possível, além de assinar, ajude-nos mais um pouquinho encaminhando o link e essa explicação para seus contatos.
Mais informações sobre o movimento são encontradas no blog www.prouniversidadezonanoroeste.blogspot.com.
Abço e beijo,
Marcos Manoel
Plano plurianual de SP reforça ensino básico
Ainda não tive como analisar e o próprio governo de São Paulo, em nota, diz que a versão divulgada é preliminar e as conclusões podem ser precipitadas. Mas, parece que, finalmente, os tucanos vão fazer alguma coisa boa para a educação. Leiam abaixo e tirem suas conclusões.
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Metas para o período 2012-2015 incluem ampliação do ensino médio técnico, reforma de sistema de avaliação e apoio a escolas vulneráveis
Nos próximos quatro anos, o governo estadual pretende reforçar o currículo da educação básica, ampliar o ensino médio técnico, fazer um projeto para 1.208 escolas de maior vulnerabilidade educacional e repensar o Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp). Também há iniciativas para melhorar políticas de educação especial e de jovens e adultos.
As informações constam no Plano Plurianual 2012-2015, ao qual a reportagem do Estado teve acesso. O documento reúne investimentos e metas que cada órgão do governo deve fazer até o mandato seguinte. O projeto, que pode sofrer alterações, será enviado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) a Assembleia Legislativa neste mês.
As metas da Secretaria Estadual de Educação para o período se dividem em cinco eixos: valorização dos profissionais da educação; gestão do currículo; gestão administrativa; infraestrutura e políticas publicas.
Para reforçar o currículo, a pasta pretende, por exemplo, manter programas como o Ler e Escrever. Tambem deve ocorrer a articulação das dimensões trabalho, ciência, cultura e tecnologia no currículo do ensino médio, prevista por uma resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE). Há o objetivo também de promover concursos públicos periódicos, em que os docentes aprovados teriam cursos de iniciação ao currículo.
Ainda nessa frente, o governo busca estruturar o tempo integral e quer a integração e o apoio das universidades para diversas ações, como a formação dos professores e a intervenção nas escolas com os piores índices de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (Idesp).
Em relação ao Saresp, o PPA prevê a criação de um banco de itens calibrados; a revisão das matrizes de referencia de todas as disciplinas e propõe que a pasta pense em aumentar a periodicidade da prova, que é anual.
Algumas metas do novo PPA já foram anunciadas pelo titular da pasta, Herman Voorwald, nos primeiros meses de governo, como a revisão da política salarial e o plano de carreira do magistério; reforma estrutural da pasta; revisão da valorização pelo mérito; reorganização da progressão continuada e ampliação do ensino médio técnico.
Em nota, o governo afirma que o PPA 2012-2015 esta “em elaboração” e que “a divulgação de qualquer versão preliminar obtida em sistemas internos da administração é precipitada, certamente incompleta e pode levar a conclusões equivocadas”. /
ATÉ 2015
● Idesp
O governo que elevar o Idesp do ciclo 1 do ensino fundamental para 4,39; do ciclo 2, para 2,83; e do médio, para 2
● Escolas vulneráveis
Valorizar o quadro pedagógico e recuperar a infraestrutura das 1.208 escolas – as “escolas prioritárias” – de maior vulnerabilidade educacional
● Tecnologia
Padronizar 100% das escolas ao modelo tecnológico da secretaria
● Rede física
Reduzir de 6% para 2% o déficit de salas de aula
Fonte:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110802/not_imp752985,0.php
http://digital.estadao.com.br/download/pdf/2011/08/02/A16.pdf
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