A educação é prioridade? Somente em discurso eleitoral.
A correria do dia a dia impediu que eu atualizasse o blog mais constantemente. Mas, em meio às denúncias envolvendo o Senado, alguns fatos precisam ser lembrados.
Pode até parecer que DEMônios e indecisos (leia-se tucanos) pensam somente em arrumar mais denúncias contra o “bigode” – deve ter tanta sujeira que eles vão ficar até 2014 desenterrando os podres. Mas, não é somente isso o que eles fazem. Eles também se organizam e realizam atos para defender a classe que representam, a elite. E o pior é que tem gente da classe trabalhadora que vota nesses caras.
Nessa semana, DEMônios pediram ao Supremo Tribunal Federal (STF)
Vou convidar algumas pessoas para compartilhar seus textos sobre educação. Para não ficar tão personalista, migrei o blog para outro endereço eletrônico. Para ler os textos acesse http://prioridadeeducacao.blogspot.com/
sábado, 25 de julho de 2009
terça-feira, 21 de julho de 2009
A Cela de Aulas - O território fora do Lugar
Sebastião Fernandes Sardinha
Ensaio sobre Sociologia da Educação
“A escola tem de ser boa.
Criança não é masoquista de ficar numa escola ruim.
Escola tem de ser bonita bem equipada
e com professores competentes”
[Cristovam Buarque]
Estes escritos desnudam a opressão logística da sala de aulas, sob a ótica do aluno, sempre (a)notado como objeto de aprendizagem.
O exemplo físico do martírio do aluno no exercício do seu mister educacional é a sala de aulas.
A “sala” de aulas é uma variação bizarra da cela eclesiástica presente nos conventos e seminários ao longo da história.
A “sala” é ergonomicamente construída para oprimir, vexaminar o educando e reafirmar o poder opressório do sistema, na figura do professor, consolidando seu status superior.
Embora rara seja, a cultura continua a reafirmar a dominação professoral que do alto de seu tablado, vigia, fiscaliza a chegada e a permanência do amedrontado aprendiz durante as sessões de incontinência verbal; pois a muitos importa “dar a matéria” sem se importar se o rebento assimilou ou aprendeu.
A arquitetura da cela é conservadoramente igual à de séculos passados, com variações de tamanho dados a adaptação do individual para o coletivo.
A cela, construída originalmente para enclausurar o seminarista ou a “moça” madre é direcionada para oprimir, expor, execrar aquele que atrasado chega ou que mal vai às aulas.
A disposição da porta de entrada é tendenciosamente apontada para frente da turma, com escotilha de vigia.
A Cela de aulas, da maneira tradicional, não tem compromisso com a qualidade do ensino, a considerar que toda vez que alguém adentra no ambiente é imediatamente notado, inclusive pelo professor, que se incumbe logo de despejar suas idiossincrasias no indômito chegante.
A turma fica comprometida cada vez que entra um educando, em virtude do desvio de atenção iminente.
Os utensílios seguem a mesma linha torturante, pois raramente são ergonomicamente confortáveis para as longas horas de subsunção.
A disposição das carteiras (antes), hoje cadeiras, é estrategicamente colocada para definir o grau de estratificação social do aluno. Ou seja, os melhores, na frente, os demais lá atrás.
O exercício do aprendizado é baseado na política do medo, como forma do professor “vencer” os “pestinhas” ou as “pragas” se adolescentes.
O quadro negro, agora verde ou branco, foi arquitetado apenas para os melhores, sem considerar o tamanho da cela, suas peculiaridades, portanto sempre do mesmo tamanho, não importando quem vá usá-lo ou dele usufruir. O importante neste caso é a estética.
A Cela de aulas, como se apresenta em nada favorece o processo de mudança, imprescindível ao crescimento escolar.
Assim a Cela de aulas não é um instrumento democrático a serviço do professor e do educando.
O professor, sempre com muito respeito, faz das vezes de bufão, pois que contaminado pela veia cratológica, imagina-se controlador da situação sendo conscientemente ou ao contrário, instrumento do sistema. O resultado é o desalento a autonegação do educador que fica impotente pela certeza da ausência de resultados.
O Professor deveria como deve ser – para o ensino de crianças e adolescentes - o epicentro das operações de aprendizagem e não o egocentro como ocorre até os dias de hoje.
O olhar para frente do educando pode favorecer uma série de viagens irrespondíveis, longe da vigilância do professor, já que a atenção é artificial, quando deveria ser orgânica.
A atenção artificial é construída sob duas vertentes simultâneas, a concreta e a abstrata. No primeiro caso o educando tem visivelmente sua atenção capturada pelos movimentos por vezes frenéticos do professor e no segundo, permite-se a sua particular viagem pelo imponderável mundo dos sonhos.
A atenção orgânica é a verdadeira abdução pelo professor ao educando permitindo a real interação entre aluno e professor, resultando no melhor do saber.
A Cela de aulas, não é um instrumento democrático, sendo um desserviço para a educação, contribuindo dentre outros fatores para o processo de idiotização do educando.
John Dewey[1] entendia que a verdadeira educação era crescimento em favor da diversidade e, sendo assim, só podia existir na democracia, dado que a democracia era entendida por ele como uma experiência histórica capaz de fazer proliferar pessoas e comportamentos os mais variados.
Os efeitos virais da idiotização do educando, alcança o cidadão no futuro, porque ele lá estará a esperá-lo.
Os analfabetos funcionais são o resultado da má formação na logística dos instrumentos escolares, dentre outros fatores.
A Cela de aulas, não está preparada para receber, o educando com dificuldades visuais, luminográficas; a eqüidistância do centro de atenção é marginal e sem nenhum parâmetro, dificultando sobremaneira a assimilação do conteúdo pedagógico pelo aprendiz.
O desconforto decorrente das condições logísticas da sala de aulas, embrutece o educando, incentivando o espírito de revolta e insatisfação, primeiro com o professor e segundamente com o sistema.
Compreender que em sua casa, senta-se à frente de seus irmãos e pais, (a referência de autoridade) e na escola é deixado para trás, e por vezes, bem lá atrás leva o educando a conclusão de que a escola não é algo bom, aceitável, isto é suportável sob o ponto de vista da dominação ao estilo soft power.
A sala de aulas é o habitus do professor e do educando, como objeto de representação extensiva do lar. A “cela” de aulas é contraditoriamente instalada como componente opressor dos mecanismos de controle social.
Para Bourdieu, [2] em A miséria do mundo, a estrutura do espaço social se manifesta, assim, nos contextos mais diversos, sob a forma de oposições espaciais, o espaço habitado funcionando como uma espécie de simbolização espontânea do espaço social referendando a idéia de que não há espaço, em uma sociedade hierarquizada, que não exprime as distâncias sociais.
Como o espaço social encontra-se inscrito ao mesmo tempo nas estruturas espaciais e nas estruturas mentais que são, por um lado, o produto da incorporação dessas estruturas, o espaço é um dos lugares onde o poder se afirma e se exerce, e, sem dúvida, sob a forma mais sutil, a da violência simbólica como violência despercebida.
A estratificação do território da “cela”, como fator de exercício de poder, faz do educando um refém e ao mesmo tempo um ermitão de muitas pessoas, neste caso, outros educandos. A solidão acompanhada dá força ao mito da memória construída a partir de bases irreais, faz nascer dentro do contexto da atenção artificial, um mundo medonho que vez por outra explode em revolta e provocação contra o Sistema imperante. Temos assim, o delinqüente juvenil. Desabando o imaginário da segurança familiar, nada mais resta ao educando do que fechar-se na cela de sua atenção artificial abstrata.
A depredação de salas de aulas tornou-se caso corriqueiro, a alvoroçar as elites burocráticas.
Destarte, a sensação de segurança e acolhimento é prontamente alijada diante do quadro burocrático, frio e impessoal que a “cela” de aulas representa.
A própria nominação referencial ao educando, ao ser chancelado de “aluno”, (ser sem luz), guarda a imposição do discurso hegemônico do sistema visando destacar a hipossuficiência do candidato ao saber burocrático. Desde muito, o educando já nasce com muitas horas de informações adquiridas no ventre materno pelas promoções emocionais ou nervosas incorporadas por ela.
Aos seis (06) anos, o educando já ingressará na escola - e por conseqüência na cela – com duas mil cento e noventa horas (2.190) de informações educativas obtidas na família, na Igreja, internet, etc...
Aos dezesseis anos (16), estima-se que o educando disponha de 47.000 horas, de informações e experiências adquiridas diuturnamente através dos meios de controle social.
Portanto, é paradoxal classificar o educando como um ser sem luz (aluno), rejeitando o docente, a bagagem de conhecimentos empiricamente colocados na vida daqueles propiciando o distanciamento pelo primeiro do aprendizado, compreendendo-o como algo fora de si, que pertence aos outros. A alienação pelas barbas de Karl Marx faz do indivíduo um ser impróprio, sem identidade original.
Poderíamos construir o pensamento de que a escolarização pós-moderna desconstrói toda a gama de conhecimentos impingidos ao educando pelo Sistema através de todos os mecanismos de controle social.
Em verdade o Sistema através da secularização da educação tem por objetivo desconstruir o baú de informações geneticamente alocadas, para possibilitar a formação do homem dócil.
Admitamos que a totalidade dos acontecimentos decorra da globalização.
Para Held e McGrew[3], a globalização representa uma mudança significativa no alcance espacial da ação e da organização sociais, que passa para uma escala inter-regional ou intercontinental. A globalização gera certa mudança cognitiva, que se expressa numa conscientização popular crescente do modo como os acontecimentos distantes podem afetar destinos locais (e vice-versa), bem como as percepções públicas da redução do tempo e do espaço geográfico.
A “cela” é a periferia do educando, construída dentro de um realismo atroz e massificante, sempre na busca do homem dócil.
Peter Berger[4] arremata: aquilo a que se chama consenso geral é na verdade o mundo dos adultos aceito como óbvio – a ficha escolar transformou-se numa ontologia. Agora a personalidade passa a ser identificada, naturalmente, com a maneira como a pessoa está localizada com precisão no mapa social. O que nos interessa no momento é a maneira como essa localização informa a um indivíduo aquilo que ele pode fazer e o que pode esperar da vida. Estar localizado na sociedade significa estar no ponto de interseção de forças sociais específicas. Geralmente quem ignora essas forças age com risco. A pessoa age em sociedade dentro de sistemas cuidadosamente definidos de poder e prestígio. E depois que aprende sua localização, passa também a saber que não pode fazer muita coisa para mudar a situação.
É o “sistema”, o mapa traçado por estranhos, sobre o qual tem-se de continuar a rastejar.
REFERÊNCIAS
[1] - BERGER, Peter – A PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA- O HOMEM NA SOCIEDADE, pag.79, Vozes, Petrópolis, 1972;
[2] - BOURDIEU , Pierre (Coord.), A miséria do mundo, Petrópolis, Vozes, 1997, p. 163.
[3] - GHIRALDELLI jr, Paulo - História da Educação brasileira, pag.151-._Editora Cortez- São Paulo.
[4] - HELD , David e MACGREW, Antony – PRÓS E CONTRAS DA GLOBALIZAÇÃO, PAG.12-Jorge Zahar- Editores.Rio de Janeiro.
Texto veiculado na revista eletrônica Médio Paraíba
http://www.medioparaiba.com.br/revista/noticia.php?l=13b22bb52ac2bd9fda9e87e46047126e
Ensaio sobre Sociologia da Educação
“A escola tem de ser boa.
Criança não é masoquista de ficar numa escola ruim.
Escola tem de ser bonita bem equipada
e com professores competentes”
[Cristovam Buarque]
Estes escritos desnudam a opressão logística da sala de aulas, sob a ótica do aluno, sempre (a)notado como objeto de aprendizagem.
O exemplo físico do martírio do aluno no exercício do seu mister educacional é a sala de aulas.
A “sala” de aulas é uma variação bizarra da cela eclesiástica presente nos conventos e seminários ao longo da história.
A “sala” é ergonomicamente construída para oprimir, vexaminar o educando e reafirmar o poder opressório do sistema, na figura do professor, consolidando seu status superior.
Embora rara seja, a cultura continua a reafirmar a dominação professoral que do alto de seu tablado, vigia, fiscaliza a chegada e a permanência do amedrontado aprendiz durante as sessões de incontinência verbal; pois a muitos importa “dar a matéria” sem se importar se o rebento assimilou ou aprendeu.
A arquitetura da cela é conservadoramente igual à de séculos passados, com variações de tamanho dados a adaptação do individual para o coletivo.
A cela, construída originalmente para enclausurar o seminarista ou a “moça” madre é direcionada para oprimir, expor, execrar aquele que atrasado chega ou que mal vai às aulas.
A disposição da porta de entrada é tendenciosamente apontada para frente da turma, com escotilha de vigia.
A Cela de aulas, da maneira tradicional, não tem compromisso com a qualidade do ensino, a considerar que toda vez que alguém adentra no ambiente é imediatamente notado, inclusive pelo professor, que se incumbe logo de despejar suas idiossincrasias no indômito chegante.
A turma fica comprometida cada vez que entra um educando, em virtude do desvio de atenção iminente.
Os utensílios seguem a mesma linha torturante, pois raramente são ergonomicamente confortáveis para as longas horas de subsunção.
A disposição das carteiras (antes), hoje cadeiras, é estrategicamente colocada para definir o grau de estratificação social do aluno. Ou seja, os melhores, na frente, os demais lá atrás.
O exercício do aprendizado é baseado na política do medo, como forma do professor “vencer” os “pestinhas” ou as “pragas” se adolescentes.
O quadro negro, agora verde ou branco, foi arquitetado apenas para os melhores, sem considerar o tamanho da cela, suas peculiaridades, portanto sempre do mesmo tamanho, não importando quem vá usá-lo ou dele usufruir. O importante neste caso é a estética.
A Cela de aulas, como se apresenta em nada favorece o processo de mudança, imprescindível ao crescimento escolar.
Assim a Cela de aulas não é um instrumento democrático a serviço do professor e do educando.
O professor, sempre com muito respeito, faz das vezes de bufão, pois que contaminado pela veia cratológica, imagina-se controlador da situação sendo conscientemente ou ao contrário, instrumento do sistema. O resultado é o desalento a autonegação do educador que fica impotente pela certeza da ausência de resultados.
O Professor deveria como deve ser – para o ensino de crianças e adolescentes - o epicentro das operações de aprendizagem e não o egocentro como ocorre até os dias de hoje.
O olhar para frente do educando pode favorecer uma série de viagens irrespondíveis, longe da vigilância do professor, já que a atenção é artificial, quando deveria ser orgânica.
A atenção artificial é construída sob duas vertentes simultâneas, a concreta e a abstrata. No primeiro caso o educando tem visivelmente sua atenção capturada pelos movimentos por vezes frenéticos do professor e no segundo, permite-se a sua particular viagem pelo imponderável mundo dos sonhos.
A atenção orgânica é a verdadeira abdução pelo professor ao educando permitindo a real interação entre aluno e professor, resultando no melhor do saber.
A Cela de aulas, não é um instrumento democrático, sendo um desserviço para a educação, contribuindo dentre outros fatores para o processo de idiotização do educando.
John Dewey[1] entendia que a verdadeira educação era crescimento em favor da diversidade e, sendo assim, só podia existir na democracia, dado que a democracia era entendida por ele como uma experiência histórica capaz de fazer proliferar pessoas e comportamentos os mais variados.
Os efeitos virais da idiotização do educando, alcança o cidadão no futuro, porque ele lá estará a esperá-lo.
Os analfabetos funcionais são o resultado da má formação na logística dos instrumentos escolares, dentre outros fatores.
A Cela de aulas, não está preparada para receber, o educando com dificuldades visuais, luminográficas; a eqüidistância do centro de atenção é marginal e sem nenhum parâmetro, dificultando sobremaneira a assimilação do conteúdo pedagógico pelo aprendiz.
O desconforto decorrente das condições logísticas da sala de aulas, embrutece o educando, incentivando o espírito de revolta e insatisfação, primeiro com o professor e segundamente com o sistema.
Compreender que em sua casa, senta-se à frente de seus irmãos e pais, (a referência de autoridade) e na escola é deixado para trás, e por vezes, bem lá atrás leva o educando a conclusão de que a escola não é algo bom, aceitável, isto é suportável sob o ponto de vista da dominação ao estilo soft power.
A sala de aulas é o habitus do professor e do educando, como objeto de representação extensiva do lar. A “cela” de aulas é contraditoriamente instalada como componente opressor dos mecanismos de controle social.
Para Bourdieu, [2] em A miséria do mundo, a estrutura do espaço social se manifesta, assim, nos contextos mais diversos, sob a forma de oposições espaciais, o espaço habitado funcionando como uma espécie de simbolização espontânea do espaço social referendando a idéia de que não há espaço, em uma sociedade hierarquizada, que não exprime as distâncias sociais.
Como o espaço social encontra-se inscrito ao mesmo tempo nas estruturas espaciais e nas estruturas mentais que são, por um lado, o produto da incorporação dessas estruturas, o espaço é um dos lugares onde o poder se afirma e se exerce, e, sem dúvida, sob a forma mais sutil, a da violência simbólica como violência despercebida.
A estratificação do território da “cela”, como fator de exercício de poder, faz do educando um refém e ao mesmo tempo um ermitão de muitas pessoas, neste caso, outros educandos. A solidão acompanhada dá força ao mito da memória construída a partir de bases irreais, faz nascer dentro do contexto da atenção artificial, um mundo medonho que vez por outra explode em revolta e provocação contra o Sistema imperante. Temos assim, o delinqüente juvenil. Desabando o imaginário da segurança familiar, nada mais resta ao educando do que fechar-se na cela de sua atenção artificial abstrata.
A depredação de salas de aulas tornou-se caso corriqueiro, a alvoroçar as elites burocráticas.
Destarte, a sensação de segurança e acolhimento é prontamente alijada diante do quadro burocrático, frio e impessoal que a “cela” de aulas representa.
A própria nominação referencial ao educando, ao ser chancelado de “aluno”, (ser sem luz), guarda a imposição do discurso hegemônico do sistema visando destacar a hipossuficiência do candidato ao saber burocrático. Desde muito, o educando já nasce com muitas horas de informações adquiridas no ventre materno pelas promoções emocionais ou nervosas incorporadas por ela.
Aos seis (06) anos, o educando já ingressará na escola - e por conseqüência na cela – com duas mil cento e noventa horas (2.190) de informações educativas obtidas na família, na Igreja, internet, etc...
Aos dezesseis anos (16), estima-se que o educando disponha de 47.000 horas, de informações e experiências adquiridas diuturnamente através dos meios de controle social.
Portanto, é paradoxal classificar o educando como um ser sem luz (aluno), rejeitando o docente, a bagagem de conhecimentos empiricamente colocados na vida daqueles propiciando o distanciamento pelo primeiro do aprendizado, compreendendo-o como algo fora de si, que pertence aos outros. A alienação pelas barbas de Karl Marx faz do indivíduo um ser impróprio, sem identidade original.
Poderíamos construir o pensamento de que a escolarização pós-moderna desconstrói toda a gama de conhecimentos impingidos ao educando pelo Sistema através de todos os mecanismos de controle social.
Em verdade o Sistema através da secularização da educação tem por objetivo desconstruir o baú de informações geneticamente alocadas, para possibilitar a formação do homem dócil.
Admitamos que a totalidade dos acontecimentos decorra da globalização.
Para Held e McGrew[3], a globalização representa uma mudança significativa no alcance espacial da ação e da organização sociais, que passa para uma escala inter-regional ou intercontinental. A globalização gera certa mudança cognitiva, que se expressa numa conscientização popular crescente do modo como os acontecimentos distantes podem afetar destinos locais (e vice-versa), bem como as percepções públicas da redução do tempo e do espaço geográfico.
A “cela” é a periferia do educando, construída dentro de um realismo atroz e massificante, sempre na busca do homem dócil.
Peter Berger[4] arremata: aquilo a que se chama consenso geral é na verdade o mundo dos adultos aceito como óbvio – a ficha escolar transformou-se numa ontologia. Agora a personalidade passa a ser identificada, naturalmente, com a maneira como a pessoa está localizada com precisão no mapa social. O que nos interessa no momento é a maneira como essa localização informa a um indivíduo aquilo que ele pode fazer e o que pode esperar da vida. Estar localizado na sociedade significa estar no ponto de interseção de forças sociais específicas. Geralmente quem ignora essas forças age com risco. A pessoa age em sociedade dentro de sistemas cuidadosamente definidos de poder e prestígio. E depois que aprende sua localização, passa também a saber que não pode fazer muita coisa para mudar a situação.
É o “sistema”, o mapa traçado por estranhos, sobre o qual tem-se de continuar a rastejar.
REFERÊNCIAS
[1] - BERGER, Peter – A PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA- O HOMEM NA SOCIEDADE, pag.79, Vozes, Petrópolis, 1972;
[2] - BOURDIEU , Pierre (Coord.), A miséria do mundo, Petrópolis, Vozes, 1997, p. 163.
[3] - GHIRALDELLI jr, Paulo - História da Educação brasileira, pag.151-._Editora Cortez- São Paulo.
[4] - HELD , David e MACGREW, Antony – PRÓS E CONTRAS DA GLOBALIZAÇÃO, PAG.12-Jorge Zahar- Editores.Rio de Janeiro.
Texto veiculado na revista eletrônica Médio Paraíba
http://www.medioparaiba.com.br/revista/noticia.php?l=13b22bb52ac2bd9fda9e87e46047126e
A educação que temos e a educação que queremos
(Caio Andrade)
Nós, jovens de 15 a 24 anos de idade, somos mais de 18% dos 190 milhões de brasileiros. Somos negros, brancos, mulheres, homens e, na maioria das vezes, pobres. Ouvimos dizer por aí que somos o amanhã de uma nação do futuro… só que esse papo de futuro já tá rolando há um tempão e estamos cansando de esperar: estamos no final da primeira década do século XXI e no Brasil 11% da população com mais de 15 anos é analfabeta. Para termos uma idéia do que isso significa, é só darmos uma olhada nos índices dos nossos vizinhos: Uruguai – 2%; Cuba – 2,7%; Argentina – 2,8%; Chile – 3,5%; Costa Rica – 3,8%; Paraguai – 5,6% e por aí vai… será que é melhor a gente esperar o futuro ou fazer história agora?
Tudo bem que de 2001 a 2006 o analfabetismo entre jovens no Brasil caiu de 4,2% para 2,4%. Mas vale a pena olharmos para as desigualdades regionais: essa taxa em Alagoas é de 8,2% e em São Paulo é de 0,7%. Ah, então SP está muito bem!? Em SP há 7.235.481 jovens e 0,7% disso dá 50.648 jovens. Em AL há 589.522 jovens e 8.2% disso dá 48.840 (caraca, são muitos jovens analfabetos!). SP está há anos sob o comando do PSDB e, mesmo sendo o estado mais rico do país está longe de ter a melhor educação pública. AL colhe ainda hoje os frutos que os coronéis não pararam de plantar e, tragicamente, é o estado com maior índice de analfabetismo entre jovens.
Tem mais: a zona rural apresenta taxas de analfabetismo quatro vezes maior (6,4%) que as de zona urbana (1,6%). Também não dá para esquecer que entre a quinta parte (1/5 ou quintil) mais pobre dos jovens brasileiros a taxa de analfabetos é de 6,4% enquanto que na quinta parte mais rica essa taxa é de 0,4%. Essas disparidades se somam a uma outra tão perversa quanto: entre os e as jovens negros e negras o índice de analfabetismo é de 3,3% enquanto entre brancos é de 1,4%, isto é, duas vezes e meia menor.
A evasão escolar e a defasagem idade/série também nos preocupam: metade de todos e todas os/as jovens do Brasil está fora da escola e só 1/3 está cursando estudos em nível compatível com sua idade. Entre os que estudamos, a décima parte (1/10) mais pobre não chega a ocupar 1% das vagas no nível superior. Os 1/10 mais ricos ocupam 54% das vagas nas universidades! A gente não respeita as diferenças e com as desigualdades a gente se conforma!
Na educação básica, segundo o SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), 94% dos jovens não apresenta formação adequada, o que coloca o Brasil na 52ª posição entre os 57 países participantes do PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Alunos). Como a gente aceita isso!?
"Temos mil razões para viver" indignados e acreditando na mudança.
E ainda tem gente dizendo que se universalizou a educação básica no Brasil… mas aqui a educação mesmo ainda é para poucos: brancos, ricos e urbanos. Não é assim que se constrói um país justo e democrático! Queremos uma educação para todos e não só nas estatísticas, mas também uma educação de qualidade de verdade. Não adianta ter muitos diplomas e pouca formação. Queremos uma educação que nos liberte em vez dessa que nos treina para manter o mundo do jeito que está.
Por que o Brasil tem o oitavo maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo, mas tem essas estatísticas vergonhosas quando o assunto é a educação do seu povo? O lema federal diz "Brasil, um país de todos". Ora, se o Brasil fosse um país da maioria a gente já estaria menos insatisfeito. Aí o slogan bem que podia ser "Brasil, um país do povo".
NOTA: E como sabemos desses números!? Andaram escrevendo aí sobre a gente um tal de Relatório de Desenvolvimento Juvenil. Aliás esse último de 2007 já é o terceiro – em 2003 e 2005 a Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (RITLA) e o Instituto Sangari em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia publicaram essa pesquisa também.
Nós, jovens de 15 a 24 anos de idade, somos mais de 18% dos 190 milhões de brasileiros. Somos negros, brancos, mulheres, homens e, na maioria das vezes, pobres. Ouvimos dizer por aí que somos o amanhã de uma nação do futuro… só que esse papo de futuro já tá rolando há um tempão e estamos cansando de esperar: estamos no final da primeira década do século XXI e no Brasil 11% da população com mais de 15 anos é analfabeta. Para termos uma idéia do que isso significa, é só darmos uma olhada nos índices dos nossos vizinhos: Uruguai – 2%; Cuba – 2,7%; Argentina – 2,8%; Chile – 3,5%; Costa Rica – 3,8%; Paraguai – 5,6% e por aí vai… será que é melhor a gente esperar o futuro ou fazer história agora?
Tudo bem que de 2001 a 2006 o analfabetismo entre jovens no Brasil caiu de 4,2% para 2,4%. Mas vale a pena olharmos para as desigualdades regionais: essa taxa em Alagoas é de 8,2% e em São Paulo é de 0,7%. Ah, então SP está muito bem!? Em SP há 7.235.481 jovens e 0,7% disso dá 50.648 jovens. Em AL há 589.522 jovens e 8.2% disso dá 48.840 (caraca, são muitos jovens analfabetos!). SP está há anos sob o comando do PSDB e, mesmo sendo o estado mais rico do país está longe de ter a melhor educação pública. AL colhe ainda hoje os frutos que os coronéis não pararam de plantar e, tragicamente, é o estado com maior índice de analfabetismo entre jovens.
Tem mais: a zona rural apresenta taxas de analfabetismo quatro vezes maior (6,4%) que as de zona urbana (1,6%). Também não dá para esquecer que entre a quinta parte (1/5 ou quintil) mais pobre dos jovens brasileiros a taxa de analfabetos é de 6,4% enquanto que na quinta parte mais rica essa taxa é de 0,4%. Essas disparidades se somam a uma outra tão perversa quanto: entre os e as jovens negros e negras o índice de analfabetismo é de 3,3% enquanto entre brancos é de 1,4%, isto é, duas vezes e meia menor.
A evasão escolar e a defasagem idade/série também nos preocupam: metade de todos e todas os/as jovens do Brasil está fora da escola e só 1/3 está cursando estudos em nível compatível com sua idade. Entre os que estudamos, a décima parte (1/10) mais pobre não chega a ocupar 1% das vagas no nível superior. Os 1/10 mais ricos ocupam 54% das vagas nas universidades! A gente não respeita as diferenças e com as desigualdades a gente se conforma!
Na educação básica, segundo o SAEB (Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica), 94% dos jovens não apresenta formação adequada, o que coloca o Brasil na 52ª posição entre os 57 países participantes do PISA (Programa Internacional de Avaliação dos Alunos). Como a gente aceita isso!?
"Temos mil razões para viver" indignados e acreditando na mudança.
E ainda tem gente dizendo que se universalizou a educação básica no Brasil… mas aqui a educação mesmo ainda é para poucos: brancos, ricos e urbanos. Não é assim que se constrói um país justo e democrático! Queremos uma educação para todos e não só nas estatísticas, mas também uma educação de qualidade de verdade. Não adianta ter muitos diplomas e pouca formação. Queremos uma educação que nos liberte em vez dessa que nos treina para manter o mundo do jeito que está.
Por que o Brasil tem o oitavo maior PIB (Produto Interno Bruto) do mundo, mas tem essas estatísticas vergonhosas quando o assunto é a educação do seu povo? O lema federal diz "Brasil, um país de todos". Ora, se o Brasil fosse um país da maioria a gente já estaria menos insatisfeito. Aí o slogan bem que podia ser "Brasil, um país do povo".
NOTA: E como sabemos desses números!? Andaram escrevendo aí sobre a gente um tal de Relatório de Desenvolvimento Juvenil. Aliás esse último de 2007 já é o terceiro – em 2003 e 2005 a Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (RITLA) e o Instituto Sangari em parceria com o Ministério da Ciência e Tecnologia publicaram essa pesquisa também.
sexta-feira, 17 de julho de 2009
Se o mestre não acredita em seu pupilo, quem vai acreditar?
Nessa semana, me chamou a atenção a reportagem “Docente não crê no êxito dos alunos”, publicada no jornal O Estado de S.Paulo, disponível na Internet pelo link http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090713/not_imp401789,0.php.
Vou destacar alguns pontos para que vocês entendam o motivo de a reportagem ter atraído minha atenção.
O primeiro é o fato de os professores não acreditarem que podem segurar seus alunos na escola. Se os professores não acreditam em sua capacidade e que a educação pode levar as pessoas a enxergarem o mundo de uma outra forma, quem vai acreditar?
Paulo Freire, no livro Pedagogia da autonomia destaca que para ser educador/professor é preciso ter respeito aos educandos e aos seus saberes. Aos professores, sabendo que a educação é ideológica e reprodutora da sociedade, precisam utilizar a educação como forma de intervenção social em busca de transformação da realidade em que vivem.
E será que esses professores estão refletindo sobre sua prática. Se os estudantes não permanecerem nas escolas, como eles acreditam, será que os professores têm sua parcela de culpa por não tornar a escola interessante aos seus alunos?
Os alunos, com certeza se sentem desestimulados, já que nem seus professores acreditam que a educação possa levá-los a ascensão sócio-cultural. E, dessa forma, ela realmente não ocorre.
Os alunos da classe trabalhadora, que já são ceifados de diversos de seus direitos e, assim, deixam de ter as mesmas oportunidades que são oferecidas aos da elite dominante, são mais uma vez violados.
Essa é uma das causas e, ao mesmo tempo, consequências da realidade que vivemos, onde a discriminação, o preconceito e a desigualdade impera. Frutos de uma sociedade com valores sociais invertidos. Nesta sociedade, o dinheiro está acima de tudo. E o que podemos fazer para mudar essa realidade?
segunda-feira, 13 de julho de 2009
SEMANA DO ESTUDANTE 2009
A Pastoral da Juventude Estudantil (PJE), em comunhão com a Pastoral da Juventude Rural (PJR), a Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e a Pastoral da Juventude (PJ), tem a alegria de apresentar mais uma vez, desde 2003, a Semana do/a Estudante, a ser realizada entre os dias 10 a 16 de agosto।
Livreto da Semana do Estudante 2009 está disponível para download.
CLIQUE AQUI PARA SER REDIRECIONADO PARA PÁGINA DE DOWNLOAD
Tema: Juventude e Violência
O tema segue a perspectiva da Campanha da Fraternidade 2009 - “Tema: Fraternidade e Segurança Pública/ Lema: A paz é fruto da justiça (Is 32, 17)” -, bem como se insere no contexto das Atividades Permanentes desse ano, com o desafio de denunciar a violência contra a juventude e anunciar uma alternativa inspirada na Boa Nova trazida ao mundo por Jesus Cristo.
Lema: "Juventude em marcha contra a violência"
Essa alternativa à qual ansiamos passa pela movimentação organizada da juventude, embora não se esgote nela. O protagonismo juvenil é um princípio permanente para nós e hoje, mais do que nunca, precisa ser reforçado como condição indispensável à construção de uma sociedade mais justa e fraterna.
Eixos: Sede de Justiça, Construção da Paz e Mobilização
Sede de Justiça
Na medida em que nos deparamos com as mais diversas formas de violência ― e não só aquela explorada pela imprensa comercial ― não podemos perder de vista a capacidade de nos indignarmos, a sensibilidade necessária e a conseqüente sede de justiça. Inspirados pelo Evangelho, não conseguimos ficar calados nem parados diante das injustiças: estamos atentos para não sermos cúmplices de todo tipo de violência que afasta as pessoas entre si e portanto as afasta de Deus, bem como encontramos força para lutar contra o projeto de sociedade que gera violência, atingindo principalmente a juventude. Nossa fome por mudanças aumenta e, à luz da Palavra, cremos que podemos ser saciados.
Construção da Paz
A indignação com a situação de violência contra a juventude precisa ser refletida e convertida em intervenção eficaz na realidade em que estamos inseridos. Se nos sensibilizamos porque passamos pela aflição psicológica, física, social, etc. e/ou porque conseguimos sentir em nós a dor do próximo, importa ir além e AGIR.
Mas nada disso faz sentido se acontece apenas no plano individual. No grupo, na comunidade, isto é, na base, podemos viver a fé porque temos fé na vida. Assim, a sede de justiça ganha corpo no esforço pela construção da paz, porque “a paz é fruto da justiça” ― é um processo totalmente alternativo à “paz do cemitério”. Como escreveu Marcelo Yuca, “Paz sem voz/ Não é paz, é medo...”.
Mobilização
O sentido da coletividade na luta por transformação se articula em escalas mais amplas: tendo em vista um Outro Mundo Possível, a juventude não desanima, mantém viva a esperança e se mobiliza! É nesse contexto que se inserem as nossas bandeiras de luta e é nessa perspectiva que, como jovens, chamamos os demais jovens do Brasil inteiro a se colocarem em marcha contra a violência! Juntos/as temos forças para insistir seguindo na contramão.
Escola é dominada por preconceitos, revela pesquisa
Caros,
Há um mês e meio, participei de um encontro da Pastoral da Juventude Estudantil (PJE) da Capital e Grande São Paulo com um grupo de mais ou menos 30 estudantes.
Na parte da tarde, o professor Marcelo Naves, assessor do Instituto Paulista de Juventude (IPJ), usou o tema da Campanha da Cidadania (Juventude e Criminalização) para fazer o grupo refletir sobre a violência que ocorre diariamente na sociedade e particularmente nas escolas. Marcelo apresentou dados que mostram que o jovem é o maior prejudicado por essa violência e, mais do que isso, que o preconceito social leva os negros e pobres a serem os principais prejudicados.
O texto abaixo, veiculado em jornais do grupo O Estado de S.Paulo, traz informações sobre esse mesmo tema. A versão digital (um pouco reduzida) está no link http://www.estadao.com.br/geral/not_ger389238,0.htm, mas quem tiver acesso à versão impressa também poderá ver gráficos bastante elucidativos e a outros três textos veiculados no mesmo dia e na mesma página (Homens e religiosos discriminam mais; Estudo foi feito com amostragem populacional; e Aluno com atraso mental é torturado). Se alguém quiser ler e refletir sobre esses outros textos também, basta me pedir.
Além de fazer com que reflitamos sobre a educação, os textos podem ser utilizados para a reflexão da Semana do Estudante.
Abraços,
Paulo Flores (Lobinho)
O ESTADO DE S. PAULO
QUINTA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2009
Vida&
Página: A19
Sociedade
Escola é dominada por preconceitos, revela pesquisa
Onde há mais hostilidade, desempenho em avaliação
é pior; deficientes e negros são principais vítimas
Simone Iwasso
Fábio Mazzitelli
JORNAL DA TARDE
O preconceito e a discriminação estão fortemente presentes entre estudantes, pais, professores, diretores e funcionários das escolas brasileiras. As que mais sofrem com esse tipo de manifestação são as pessoas com deficiência, principalmente mental, seguidas de negros e pardos. Além disso, pela primeira vez, foi comprovada uma correlação entre atitudes preconceituosas e o desempenho na Prova Brasil, mostrando que as notas são mais baixas onde há maior hostilidade ao corpo docente da escola.
Esses dados fazem parte de um estudo inédito realizado em 501escolascom18.599estudantes, pais e mães, professores e funcionários da rede pública de todos os Estados do País. A principal conclusão foi de que 99,3% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito e que mais de 80% gostariam de manter algum nível de distanciamento social de portadores de necessidades especiais, homossexuais, pobres e negros. Do total, 96,5% têm preconceito em relação a pessoas com deficiência e 94,2% na questão racial.
“A pesquisa mostra que o preconceito não é isolado. A sociedade é preconceituosa, logo a escola também será. Esses preconceitos são tão amplos e profundos que quase caracterizam a nossa cultura”, afirma o responsável pela pesquisa, o economista José Afonso Mazzon, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA). Ele fez o levantamento a pedido do Inep e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, órgãos do Ministério da Educação (MEC).
Segundo Daniel Ximenez, diretor de estudos e acompanhamento da secretaria, os resultados vão embasar projetos que possam combater preconceitos levados para a escola – e que ela não consegue desconstruir, acabando por alimentá-los. “É possível pensarmos em cursos específicos para a equipe escolar. Mas são ações que demoram para ter resultados efetivos.”
BULLYING
A pesquisa mostrou também que pelo menos 10% dos alunos relataram ter conhecimento de situações em que alunos, professores ou funcionários foram humilhados, agredidos ou acusados injustamente apenas por fazer parte de algum grupo social discriminado, ações conhecidas como bullying. A maior parte (19%) foi motivada pelo fato de o aluno ser negro. Em segundo lugar (18,2%) aparecem os pobres e depois a homossexualidade (17,4%). No caso dos professores, o bullying é mais associado ao fato de ser idoso (8,9%). Entre funcionários, o maior fator para ser vítima de algum tipo de violência – verbal ou física – é a pobreza (7,9%).
Nas escolas onde as agressões são mais intensas, o desempenho na Prova Brasil é menor. “É lamentável e preocupante verificar que isso ocorre, mas os dados servem como alerta para que a escola possa refletir e agir para modificar esse cenário”, diz Anna Helena Altenfelder, educadora do Cenpec. “As pessoas não são preconceituosas por natureza. O preconceito é construído nas relações sociais. Isso pode ser modificado.”
Há um mês e meio, participei de um encontro da Pastoral da Juventude Estudantil (PJE) da Capital e Grande São Paulo com um grupo de mais ou menos 30 estudantes.
Na parte da tarde, o professor Marcelo Naves, assessor do Instituto Paulista de Juventude (IPJ), usou o tema da Campanha da Cidadania (Juventude e Criminalização) para fazer o grupo refletir sobre a violência que ocorre diariamente na sociedade e particularmente nas escolas. Marcelo apresentou dados que mostram que o jovem é o maior prejudicado por essa violência e, mais do que isso, que o preconceito social leva os negros e pobres a serem os principais prejudicados.
O texto abaixo, veiculado em jornais do grupo O Estado de S.Paulo, traz informações sobre esse mesmo tema. A versão digital (um pouco reduzida) está no link http://www.estadao.com.br/geral/not_ger389238,0.htm, mas quem tiver acesso à versão impressa também poderá ver gráficos bastante elucidativos e a outros três textos veiculados no mesmo dia e na mesma página (Homens e religiosos discriminam mais; Estudo foi feito com amostragem populacional; e Aluno com atraso mental é torturado). Se alguém quiser ler e refletir sobre esses outros textos também, basta me pedir.
Além de fazer com que reflitamos sobre a educação, os textos podem ser utilizados para a reflexão da Semana do Estudante.
Abraços,
Paulo Flores (Lobinho)
O ESTADO DE S. PAULO
QUINTA-FEIRA, 18 DE JUNHO DE 2009
Vida&
Página: A19
Sociedade
Escola é dominada por preconceitos, revela pesquisa
Onde há mais hostilidade, desempenho em avaliação
é pior; deficientes e negros são principais vítimas
Simone Iwasso
Fábio Mazzitelli
JORNAL DA TARDE
O preconceito e a discriminação estão fortemente presentes entre estudantes, pais, professores, diretores e funcionários das escolas brasileiras. As que mais sofrem com esse tipo de manifestação são as pessoas com deficiência, principalmente mental, seguidas de negros e pardos. Além disso, pela primeira vez, foi comprovada uma correlação entre atitudes preconceituosas e o desempenho na Prova Brasil, mostrando que as notas são mais baixas onde há maior hostilidade ao corpo docente da escola.
Esses dados fazem parte de um estudo inédito realizado em 501escolascom18.599estudantes, pais e mães, professores e funcionários da rede pública de todos os Estados do País. A principal conclusão foi de que 99,3% dos entrevistados têm algum tipo de preconceito e que mais de 80% gostariam de manter algum nível de distanciamento social de portadores de necessidades especiais, homossexuais, pobres e negros. Do total, 96,5% têm preconceito em relação a pessoas com deficiência e 94,2% na questão racial.
“A pesquisa mostra que o preconceito não é isolado. A sociedade é preconceituosa, logo a escola também será. Esses preconceitos são tão amplos e profundos que quase caracterizam a nossa cultura”, afirma o responsável pela pesquisa, o economista José Afonso Mazzon, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA). Ele fez o levantamento a pedido do Inep e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, órgãos do Ministério da Educação (MEC).
Segundo Daniel Ximenez, diretor de estudos e acompanhamento da secretaria, os resultados vão embasar projetos que possam combater preconceitos levados para a escola – e que ela não consegue desconstruir, acabando por alimentá-los. “É possível pensarmos em cursos específicos para a equipe escolar. Mas são ações que demoram para ter resultados efetivos.”
BULLYING
A pesquisa mostrou também que pelo menos 10% dos alunos relataram ter conhecimento de situações em que alunos, professores ou funcionários foram humilhados, agredidos ou acusados injustamente apenas por fazer parte de algum grupo social discriminado, ações conhecidas como bullying. A maior parte (19%) foi motivada pelo fato de o aluno ser negro. Em segundo lugar (18,2%) aparecem os pobres e depois a homossexualidade (17,4%). No caso dos professores, o bullying é mais associado ao fato de ser idoso (8,9%). Entre funcionários, o maior fator para ser vítima de algum tipo de violência – verbal ou física – é a pobreza (7,9%).
Nas escolas onde as agressões são mais intensas, o desempenho na Prova Brasil é menor. “É lamentável e preocupante verificar que isso ocorre, mas os dados servem como alerta para que a escola possa refletir e agir para modificar esse cenário”, diz Anna Helena Altenfelder, educadora do Cenpec. “As pessoas não são preconceituosas por natureza. O preconceito é construído nas relações sociais. Isso pode ser modificado.”
Lobinho estreia blog
Caros,
Resisti por muito tempo, mas decidi criar um blog. A intenção é divulgar notícias e opiniões sobre a educação, a juventude e política de um modo geral. Também quero divulgar outros blogs, sites e veículos de comunicação que promovam, ou apoiem a organização popular em busca da libertação do povo oprimido.
Essa será uma tarefa muito difícil e por vezes não terei como dar a devida atenção ao blog pessoalmente. Por isso, contarei com a colaboração de outros companheiros no trabalho de postagens de notícias e opiniões.
Espero que o blog possa ser útil a todos que sonham com um novo mundo. E, sonho que se sonha junto...
Abraços,
Paulo Flores (Lobinho)
Resisti por muito tempo, mas decidi criar um blog. A intenção é divulgar notícias e opiniões sobre a educação, a juventude e política de um modo geral. Também quero divulgar outros blogs, sites e veículos de comunicação que promovam, ou apoiem a organização popular em busca da libertação do povo oprimido.
Essa será uma tarefa muito difícil e por vezes não terei como dar a devida atenção ao blog pessoalmente. Por isso, contarei com a colaboração de outros companheiros no trabalho de postagens de notícias e opiniões.
Espero que o blog possa ser útil a todos que sonham com um novo mundo. E, sonho que se sonha junto...
Abraços,
Paulo Flores (Lobinho)
Assinar:
Postagens (Atom)